-
Arquitetos: Leo Shehtman Arquitetura e Design
- Área: 150 m²
- Ano: 2019
-
Fotografias:Denilson Machado – MCA Estúdio
-
Fabricantes: Acervo Bruto, Arnaldo Danemberg, By Kamy, Casa Moysés, Cinex, Codex Home, Coral, Deca, Dicompel, Dimlux, Dpot, Dunelli, Duratex, Elettromec, Eleutherio Netto, Etna, Galeria Chroma, Galeria Lume, Instituto Iadêbianchi, K-Array, +19
Descrição enviada pela equipe de projeto. A participação já tradicional de Léo Shehtman na CASACOR SP conduz o visitante da edição de 2019 a uma verdadeira contemplação do luxo. Salta aos olhos o uso abundante do exótico mármore Nacarado, que flutua por toda a extensão do espelho d’água – nada menos que 18 metros lineares – e que, junto à composição criada por dois tons de madeira que remetem a um sutil efeito de luz e sombra, podem ser observados de todos os ambientes. Interagindo com a pureza e atemporalidade desses materiais, uma seleta gama de peças de mobiliário – grande parte fornecida pela Dunelli – produz um axiomático contraponto entre antigo e contemporâneo. Pontualmente, peças estrelas do design - entre elas a brasileiríssima poltrona Katita, de Sérgio Rodrigues - irradiam um brilho exclusivo.
Mas é a estátua de bronze - releitura da peça original em mármore denominada Fauno Barberini, atualmente exposta na Gliptoteca de Munique, Alemanha – o verdadeiro sol que intitula o projeto. Proveniente da mitologia romana (apropriação do Sátiro, na versão grega), o Fauno é uma figura híbrida entre humano e animal que seguia Baco, o deus do vinho. A introdução dessa obra traz a ímpar atmosfera da Antiguidade Clássica para o ano de 2019, demonstrando o valor inestimável da arte, da cultura e da história da civilização ocidental. Sua presença é, por si só, uma evocação ao inconsciente coletivo que, ainda hoje, se relaciona com os tempos que antecedem o Calendário Cristão. Eis a magia que só a arte é capaz de proporcionar.
Tal qual o Pavilhão de Barcelona concebido pelo arquiteto Mies van der Rohe em 1929, a pureza formal presente na Casa do Fauno representa o cerne da concepção projetual, tão intimamente ligada aos preceitos modernistas de simplicidade, unicidade e clareza. Um exemplo dessa fluidez é certamente o móvel híbrido que separa o living da suíte sem, no entanto, segrega-los por completo. Da mesma maneira, o forro em muxarabi de madeira prolonga-se sobre o espelho d’água em forma de pergolado, permitindo que a luz natural seja responsável por criar sombras graficamente exuberantes sobre a parede de mármore e o piso de porcelanato Portinari. Três grandes portas de vidro pivotantes (Cinex) são elementos discretamente imponentes que separam a cozinha do espelho d´água, sem privar nenhuma das partes dessa relação mútua estabelecida em todo o projeto.
Simples, porém nada simplistas, as linhas horizontais são utilizadas em larga escala, conferindo ao espaço um majestoso senso de unidade que convida a um percurso integrado e intimista, onde uma profusão de texturas acomete os sentidos. A madeira, tão presente nessa produção de Shehtman, aquece até mesmo o granito preto flameado, desafiando as antigas concepções existentes acerca dos materiais – inclusive o latão, que brilha em uma dissonância harmoniosa dentro do universo compreendido nessa composição. Diversas outras obras de arte, assim como o papel de parede da Pormade Decor são agradáveis surpresas posicionadas estrategicamente para o deleite do observador.